Muitos oram durante anos, pedindo as bênçãos prometidas por Deus, mas crêem que receberam a resposta enquanto não a sentem e não a vêem. Isso não é fé.
Fé significa ter a certeza de que as promessas do Senhor lhe pertencem e de que você pode recebê-las, mesmo antes de vê-las realizadas. Essa convicção está firmada apenas na Palavra do Altíssimo. “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Hebreus 11,1).
Nesse terreno, trava-se a maior batalha entre sua mente e a fé. Aqui está o campo de guerra entre sua razão e a verdade contida nas Escrituras.
Uma pessoa pode orar para ser curada, mas nem sempre a resposta irá manifestar-se imediatamente. Os sintomas de dor e febre se for o caso, poderão ainda ser sentidos. A Bíblia declara que pelas feridas de Cristo fomos curados (Is 53,5). A razão, no entanto, insiste em mostrar a presença da enfermidade. Nesse momento, é necessário abandonar a razão, evitando dar atenção às coisas aparentes, e voltar-se tão somente para o que Deus diz em Sua Palavra.
Lemos em Provérbios 4,20-22: “Filho meu, atenta para as minhas palavras; às minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-as no meio do teu coração. Porque são vida para os que as acham e saúde, para o seu corpo”.
Nesse texto, você é instruído a manter a mente, os ouvidos, os olhos e o coração ocupados apenas com as promessas do Pai celestial.
Isso exclui todo o tempo para o medo, a descrença e o desânimo. Deus envia sua palavra, qual produzirá saúde em todo o seu corpo (Salmos 106,20).
O Criador concedeu cinco sentidos as todas as pessoas: a audição, o paladar, o olfato, o tato e a visão. Eles são naturais e nos foram dados para nossa orientação neste mundo. No entanto, o Todo-Poderoso plantou também no coração de todos os homens uma certa medida de fé (veja Romanos 12,3).
Os nossos cinco sentidos são naturais, mas a nossa fé é espiritual ou sobrenatural. Por meio dos nossos sentidos adquirimos conhecimento, mas não é por eles que chegamos a conhecer o Altíssimo. Nós o conhecemos ao crer nEle Porque “Andamos na fé e não na visão” (2 Cor 5,7).
Nossos sentidos não são as faculdades pelas quais chegamos a conhecer o Senhor e receber suas bênçãos. Muitos oram e não crêem que receberam a resposta, sem senti-la ou vê-la. Não aprenderam a exercitar a fé. “A fé é [...] uma certeza a respeito do que não se vê” (Hb 11,1).
Há três atitudes que as pessoas, geralmente, têm em relação à Palavra de Deus:
1. Concordam que Ela é Verdade. Admiram, amam e respeitam-nA. Por tudo isso, chegam a decorar e citar capítulos inteiros. Dizem: “Ela é a verdade, mas não no meu caso. Não entendo por que não posso receber as suas bênçãos, mas sei que são verdadeiras.
É um livro maravilhoso. “Eu o amo!” Essas pessoas estão muito longe de confiar no que lêem.
2. Elas crêem somente quando sentem. Podemos ouvi-las dizer: “Nunca recebi a cura depois de orarem por mim, mas recebi uma grande benção”. “Oh! Tenho certeza de que estou sendo curado, sinto-me muito melhor”. “Senti alguma cosia no momento da oração, e creio que o Pai me ouviu”. Ou dizem: “Oh! Tenho orado frequentemente, mas nunca sinto coisa alguma”. Essas pessoas crerão apenas se virem ou sentirem. Isso não pode ser uma atitude de fé.
“Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!”
3. Além de crer nas escrituras sagradas, é preciso agir de acordo com Seus ensinos.
Todos os que procedem assim têm a fé genuína. Nós os ouvimos dizer: “Se o Todo-Poderoso diz isso, então é verdade!”.
“Se a Palavra de Deus diz que pelas suas chagas, fomos curados, então, estou curado”.
“Se o Senhor prometeu suprir todas as minhas necessidades (Filipenses 4,19), Ele irá fazê-lo!”.
“Se o Altíssimo diz que Ele é a força da minha vida, creio que é verdade!”.
Os verdadeiros cristãos sempre agem de acordo com a Bíblia. Podemos ouvi-los dizer ainda: “Deus é como Ele diz ser! Eu Sou o que as Santas Escrituras afirmam a meu respeito! Posso fazer todas as coisas garantidas a mim pelo Senhor! O Todo-Poderoso fará aquilo que o Evangelho declara!”
Elas agem desse modo, descansando totalmente na integridade das afirmações bíblicas Para elas, “o Pai celeste vela sobre sua Palavra para realizá-la, de modo que não volte vazia”.
A esperança declara: “Terei a benção algum dia!”
Quem apenas concorda, afirma: “É maravilhoso. Eu devia ser abençoado, mas não me parece que posso conseguir isso. Não entendo!”.
Os sentidos dizem “Quando eu sentir e vir a benção saberei que a tenho!”
A fé é decisiva: “Eu a tenho agora! Está escrito e é minha! Louvado seja o Senhor!”.
Quem crê de modo verdadeiro descansa inteiramente sobre a afirmação: “Assim diz a Palavra”.
Ter fé independe dos nossos sentidos, pois é a realidade daquilo que não podemos registrar. “A fé é [...] uma CERTEZA a respeito do que NÃO SE VÊ” (Hb 11,1).
O primeiro chamado do Criador ao homem natural é que se aproxime dele e abandone os próprios caminhos e pensamentos (Isaías 55,7).
Cristo chama à existência as coisas que não existem (Romanos 4,17). Ele declarou que o cego estava curado mesmo enquanto Ele ainda não podia ver, e o homem recobrou a visão. Determinou que os leprosos estavam limpos, embora, aparentemente, a doença ainda existisse e, quando partiram, ficaram sãos.
Junto à tumba de Lázaro, Jesus orou: “Pai, rendo-te graças, porque me ouviste” (João 11,41). O Mestre sabia que o Pai havia escutado sua oração para a ressurreição de Lázaro, mesmo enquanto este ainda estava morto. Isso é fé.
Crer significa que recebemos aquilo que pedimos ao Senhor, mesmo antes de sua realização.
Acreditamos que já foi feito, não porque o vemos, mas porque a Palavra de Deus o afirma. Nesse sentido, também chamamos à existência as coisas que não existem.
Jesus nos ensina como devemos orar para recebermos a resposta e promete tudo aquilo de que necessitamos: “Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, [não após alguém ter orado durante 20 anos ou depois de ter sido curado, mas enquanto está doente, no momento da oração] crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado” (Mc 11, 24).
No meu ponto de vista, essa é a passagem mais importante das escrituras sobre a oração e fé. Note: “Quando orardes, crede que já recebestes”.
Chamo a sua atenção para a ordem da oração e forma de crer, porque a maioria das pessoas muda essa regra. Elas agem de modo diferente: “Ore pedindo tudo que desejar e, quando você conseguir ver e sentir essas coisas, poderá acreditar”. O homem natural fala da seguinte maneira: “Ver para crer”. Mas o Pai celeste muda a ordem e orienta: “Crer para ver”. “Se creres, verás a glória de Deus” (João 11,40).
Davi assegura: “Eu creio que verei” (SI 26,13) e não comenta: “Tive de ver antes de confiar”.
O Senhor disse acerca dele: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará todas as minhas vontades” (Atos 13,22).
A afirmação do Altíssimo prova que sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6), pois por ela podemos obter bom testemunho diante dele (Hb 11,2).
O homem rebela-se e argumenta: “Se não puder senti-lo, não o crerei”. Essa não é a conduta agradável a Deus e não há, para ela, apoio nas Escrituras. Tomé disse: “Se eu não vir [...] de maneira nenhuma o crerei” (João 20,25), e essa atitude não agradou a Cristo (observe o versículo 29).
A recomendação do Senhor é: “Crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado” (Mc 11, 24). Ele deseja que você acredite na resposta dEle às suas orações e na sua cura, de acordo com a promessa.
Em outras palavras, quando alguém ora pedindo a cura, Jesus o autoriza a considerar seu clamor já respondido. Isso é verdade, também, no momento de pedirmos qualquer outra graça que Ele prometeu e Cristo providenciou.
Essa é uma lição fácil de aprender. É preciso apenas dar à sua fé o lugar certo. O homem a coloca depois de ver e sentir a resposta, mas o Senhor a situa antes que a veja e sinta.
Quando sabemos que a Palavra de Deus é a única razão para crer no fato de que nossa oração é respondida, então, é possível ter fé.
O Todo-Poderoso não prometeu começar restaurar sua saúde sem você crer na verdade de que sua oração foi ouvida por Ele. Portanto, acredite: nossa súplica é ouvida no mesmo momento em que a pronunciamos.
“Sabemos que ele nos atende em tudo quanto lhe pedirmos” (I João 5, 15). Isso não ocorre porque ainda veremos a resposta, mas porque “Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá” (1 Ts 5,24).
Há três testemunhas em todos os casos de cura:
3. O doente, que diz: “Pelas suas chagas, fui curado”, firmando seu testemunho nas Sagradas Escrituras. Ele se recusa a se desdizer e declara, mesmo na presença da dor e dos sintomas: “Estou curado, porque o Todo Poderoso assim afirma!”
Lembra-se, então, da promessa bíblica: “Conservemo-nos firmemente apegados à nossa esperança, porque é fiel aquele [Deus] cuja promessa aguardamos” (Hb 10,23).
Essa pessoa mantém a confissão bíblica de que recuperou a saúde, e o Altíssimo a transforma em realidade. Ele afirmou: “Mas não lhe retirarei o meu favor e não trairei minha promessa” (SI 88,34).
O Pai celeste assegurou: “A Palavra que sair da minha boca [...] não voltará para mim vazia” (Isaías 55,11).
“Mas estes venceram-no [Satanás] por causa do sangue do Cordeiro e de seu eloqüente testemunho” (Ap 12,11). Ou seja, primeiro, derrotaram o inimigo na intenção de serem salvos – tornando-se filhos de Deus, redimidos pelo sangue de Cristo. Segundo, obtiveram a vitória ao testemunharem o Evangelho.
Depois de sua oração pedindo a cura, se o adversário insinuar que você não se restabelecerá, diga-lhe: “Está escrito que sararei, porque o Senhor irá levantar-me”! A menção à Bíblica, em sua declaração, derrotará o inimigo.
Quando Satanás tentou Cristo, ouviu Jesus insistir: “Está escrito!”, e o resultado foi que o diabo o deixou (Mateus 4,11). Mas tudo o que algumas pessoas vivem repetindo é: "O diabo diz!”.
No deserto, a arma usada por Cristo para resistir ao príncipe das trevas e vencê-lo foi declarar a Palavra escrita. Visto ser esta a melhor forma, sigamos Seu exemplo, porque não adianta usar qualquer outro meio. “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4,7).
O caso a seguir pode ilustrar bem essa questão: um homem me apareceu com um joelho em sério estado. Os médicos disseram que era necessário que a perna dele fosse amputada. Entretanto, ele foi imediatamente curado no momento em que oramos. Cinco ou seis dias mais tarde, quando andava na rua, a dor voltou, e ele determinou: “Isso não pode ser. Está escrito: Estou curado pelas suas chagas. Em Nome de Jesus, saia do meu joelho, dor”.
Aquele homem firmou-se na Palavra de Deus, e o problema o deixou para nunca mais voltar. Ao exercitar a fé, creu que estava curado, porque Deus assim o declarou. Por saber também que as enfermidades foram postas sobre Jesus e ele as levou sobre Si, o homem recusou-se a aceitar o mal. Satanás foi, então, derrotado.
Acreditar nas certezas bíblicas é mais do que somente esperar aquilo que se pode ver e sentir.
Crer de modo genuíno significa estar tão convencido a respeito das promessas do Altíssimo, que é possível desfrutá-las, mesmo em face das evidências contrárias.
Muitos tem uma idéia errônea a respeito da natureza da fé e pensam que ela seja um exercício vigoroso da mente e que nós temos de lutar e ter a preocupação de conseguir as bênçãos divinas. Declaram: “Eu tenho muita fé, mas, enquanto não vir alguma mudança, não creio em meu restabelecimento. Recuse-me a reconhecer uma coisa sem tê-la ainda conseguido. Creio que, se alguém estiver curado, logo saberá”. Tais pessoas, na verdade, têm um conceito errado a respeito de crer.
A fé para receber a cura é exatamente a mesma para ter a vida eterna. A Bíblia ensina que o pecador precisa crer na salvação e confessá-la ousadamente, com base apenas nas promessas do Pai, mesmo antes de experimentar a paz da libertação. A alegria virá se o cristão apenas confiar e disser que possui o dom da salvação. Necessita acreditar que está salvo, firmado somente na autoridade das Santas Escrituras.
Isso é fé! Além disso, trata-se do modo de Deus salvar as almas perdidas, bem como, também a forma de cura os doentes!
A Bíblia ainda ensina que o doente precisa ter a certeza de estar curado, a despeito daquilo que sente, firmando tão-somente na benção do Altíssimo. Ele deve dizer que tem a cura pela fé, confessá-la ousadamente, e a alegria de ter saúde virá.
Não se pode duvidar, caso os sintomas não desapareçam imediatamente, pois precisamos estar sempre fundamentados no cumprimento do que está divinamente registrado nas Escrituras.
Isso é tanto verdade para a restauração da saúde do corpo quanto da alma. De fato, esse é método usado por Deus para realizar o cumprimento de todas as promessas feitas por Ele.
Aprender a crer no fato de que o Pai ouve e responde no mesmo momento da oração é graça muito maior do que a própria cura. Podemos, assim, orar com fé dez mil vezes ou mais por nós mesmos e pelos outros, e toda a nossa vida pode ser logo cheia da grande alegria de ver sempre, antecipadamente, a resposta do Onipotente para os nossos pedidos, bem como o cumprimento das Suas promessas.
“A Palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão” (Isaías 55, 11).
“Porque eu, o Senhor, falarei, e a Palavra que eu falar se cumprirá. A palavra que falei se cumprirá, diz o Senhor Deus” (Ezequiel 12,25-28). “Porque velo sobre a minha palavra para que se cumpra” (Jeremias 1,12).
(Trecho extraído do livro “Como Receber a Cura Divina” do Padre Gilmar Serafim).